Sem qualquer planejamento específico para a proteção da fauna, a Rodovia MT-471 — conhecida como Rodovia do Peixe — se tornou palco frequente de atropelamentos de macacos e outros animais silvestres que habitam a região. A denúncia é do fotógrafo e documentarista Cesar Augusto, que fez o registro fotográfico de um macaco vítima dessa vulnerabilidade ambiental. Vale ressaltar que rodovia é de responsabilidade do Governo de Mato Grosso.

Conforme Cesar Augusto, apesar de constantemente exibida como símbolo de ecologia, qualidade de vida e integração com a natureza, a estrada revela uma realidade bastante diferente para quem observa de perto seus impactos ambientais. No flagrante fotográfico, ele constatou um macaco bugio fêmea prenhe, da cor caramelo, com fratura exposta no membro superior esquerdo, morto por atropelamento em meio à Rodovia do Peixe.

O fotógrafo alerta que a ausência de cercas condutoras, redutores de velocidade, passagens subterrâneas e passagens aéreas de fauna cria um cenário de risco permanente. “Esses dispositivos, amplamente recomendados por especialistas em conservação, têm a função de orientar os animais para travessias seguras, reduzindo drasticamente o número de colisões. Na MT-471, porém, nenhum deles foi implementado, transformando a rodovia em um corredor perigoso para espécies que já enfrentam pressão crescente pela perda de habitat”, denuncia.

A Rodovia do Peixe liga a cidade de Rondonópolis ao Rio Vermelho e tem como vizinhos, do outro lado do rio, a unidade de conservação Parque Estadual Dom Osório Stoffel e a RPPN João Basso–Cidade de Pedra, pontos turísticos municipais.

Paradoxalmente, César Augusto observa que a mesma via é celebrada como referência em “bem-estar em meio à natureza”, destacada em campanhas imobiliárias e utilizada como vitrine para condomínios, clubes recreativos e empreendimentos que se multiplicam ao longo de suas margens, sobretudo nos fins de semana.

Enquanto a MT-471 segue impulsionando o mercado imobiliário e o lazer regional, os atropelamentos de primatas expõem uma lacuna grave na gestão ambiental da rodovia. Especialistas alertam que, sem medidas urgentes de mitigação, a convivência entre desenvolvimento humano e fauna continuará desequilibrada e os animais, silenciosamente, continuarão pagando o preço.

“Esse contraste evidencia um discurso ambiental que, na prática, não se traduz em ações efetivas de proteção da biodiversidade local na rodovia”, finaliza.



Fonte da Noticia